A chegada do empresário Sérgio Approbato Machado Júnior à presidência da Fenacon, em 1º julho de 2018, coincidiu com o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, que havia entrado em vigor em novembro do ano anterior (veja texto a seguir). A nova legislação reduziu sensivelmente a arrecadação e trouxe um impacto sem precedentes às finanças da federação. Foi preciso reavaliar as estratégias e rever o rumo de toda a área administrativa.
Com mais de três décadas de experiência no setor contábil, formado em administração de empresas, Approbato liderou uma reforma que manteve a Fenacon forte a despeito da nova realidade. Em editorial na primeira edição da revista da Fenacon sob sua gestão, Approbato escreveu sobre o novo momento.
“Nossa estratégia é qualificar e aumentar a oferta de nossos produtos e serviços e melhorá-los em busca de uma aproximação mais forte com os sindicatos de nossa base. Daremos ênfase às nossas bandeiras de atuação e trabalharemos também pela defesa e valorização das categorias que esta Federação representa. Ao lado dos sindicatos que compõem a nossa base, temos fortalecido gradualmente os canais de diálogo com os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, evidenciando o nosso papel de interlocutor entre o contribuinte e o poder público.”
A primeira ação do novo presidente foi traçar um planejamento estratégico para os quatro anos de mandato. “Foram definidos os objetivos em toda abrangência do trabalho para atender às necessidades dos nossos sindicatos e da classe empresarial brasileira”, disse Approbato à época. O time escalado elaborou um conjunto de mecanismos sistêmicos com utilização de processos e traçou metas em cada um dos setores da federação. “Otimizamos a nossa estrutura administrativa para, mesmo com menos recursos, produzir mais”, conta Fenando Baldissera, diretor administrativo da Fenacon. “Graças ao norte passado pela presidência, conseguimos com uma equipe bastante enxuta resultados extremamente positivos.”
Para levar adiante esta reestruturação, Approbato criou 10 comissões temáticas de trabalho baseadas no planejamento estratégico definido. De maneira interdisciplinar foi possível discutir temas relacionados a produtos, serviços, parcerias e convênios. Entre as comissões criadas, destaque para as de comunicação, de educação e de relações de políticas institucionais.
Josué Tobias, gerente-geral da Fenacon, com 15 anos de história na entidade, explica que a reestruturação administrativa foi uma oportunidade para que cada profissional descobrisse “um potencial enorme dentro de si”. “Fator fundamental para esse maior engajamento se deu em função da abertura proporcionada pelo presidente para que todos mostrassem criatividade e evoluíssem. Ele se aproximou dos colaboradores e os colaboradores se aproximaram entre si.”
Em sua cruzada por uma administração mais eficiente, Approbato promoveu uma convergência entre a Fenacon e o Instituto Fenacon. Segundo o presidente, as duas entidades estavam muito afastadas. “Na nossa visão, o Instituto precisa ser um braço da Federação, pois tudo lá é decidido por um conselho que tem o mesmo presidente”, justifica. A mudança tornou a relação entre as duas instituições mais dinâmica e interativa, além de aumentar o comprometimento do time. “Decidimos que tudo deveria ser feito em conjunto, que não deveríamos tratar a federação e o instituto de maneira segregada”, conta o atual vice-presidente administrativo, Wilson Gimenez.
As reuniões de diretoria das duas entidades, por exemplo, passaram a ser feitas em conjunto. “Tratamos de assuntos correlacionados, que merecem atenção de ambas as diretorias.” Tobias conta que a integração já levou à unificação de diversos departamentos da federação e do instituto, como o jurídico, o financeiro, o contábil e o de comunicação.
Ao longo dos primeiros anos da nova gestão, deu-se ainda um estreitamento da relação com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Hoje, a federação tem portas abertas na confederação, participa de reuniões virtuais, manda artigos e é consultada para assuntos relevantes, como a discussão da reforma tributária.
Esses avanços administrativos, fundamentais na gestão responsável de qualquer empresa, foram fundamentais não apenas para o enfrentamento da nova realidade trazida pelo fim da contribuição sindical obrigatória, mas para tornar a Fenacon robusta durante a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus. “Fizemos a lição de casa. Reestruturamos nossa administração, criamos fontes alternativas de renda e mantivemos a relevância e a saúde financeira da Fenacon em altíssimo nível”, afirma Approbato.
Josué Tobias cita ainda o projeto Integra, levado adiante pela Fenacon, como fundamental nesse período turbulento do Brasil e do mundo. “Debatemos com os sindicatos, fizemos um diagnóstico de cada um deles e levamos soluções e respostas para as carências e necessidades levantadas.”
Com a entrada em vigor da Lei 13.467/17, em novembro de 2017, a contribuição sindical, antes obrigatória, passou a ser de caráter facultativo, condicionada à autorização prévia e expressa do trabalhador. Segundo Sérgio Approbato Machado Junior, empresário que assumiu a presidência da Fenacon em julho de 2018, desde o fim da exigência a arrecadação da federação com a contribuição sindical caiu 90%.
Em entrevista à revista da entidade ao tomar posse, o novo presidente Approbato falou sobre o assunto e demonstrou que o histórico de criar produtos e serviços para atender seus sindicatos deu a Fenacon caminhos de receita alternativos à contribuição sindical. A renda recorrente trazida pela emissão de certificados digitais e o faturamento proporcionado pelos cursos da UniFenacon, ambos serviços do Instituto Fenacon, são dois exemplos da estratégia de oferecer um serviço valioso dos pontos de vista de conteúdo e financeiro.
“Esse é o grande desafio de nossa gestão. Mesmo que a contribuição sindical volte um dia, o estrago já foi feito durante a discussão do projeto de Reforma Trabalhista. Não creio em uma arrecadação igual à que se tinha no passado. Por isso, nossa estratégia é qualificar e aumentar a oferta de nossos produtos e serviços, melhorá-los em busca de uma aproximação mais forte com os sindicatos de nossa base.”
“(...) Nossa meta será criar produtos e serviços trazendo para todo o Sistema Fenacon o que há de melhor em cada um dos sindicatos. Precisamos trabalhar em uma padronização para ajudar os sindicatos menores a focar melhor em suas bases, pois nossa linguagem de comunicação tem que ter identidade e ser uniforme. A mudança será basicamente nesta ordem: prestaremos os serviços, mostraremos condições de melhoria da qualidade técnica e de gestão e o empresário do nosso setor econômico é quem terá essa percepção de valor. É ele quem precisa ter essa percepção de que é importante estar vinculado associativamente às nossas entidades, porque, se assim o fizer, trará benefício na qualidade dos serviços e no atendimento direto aos clientes.”