Veja como a flexibilidade no trabalho se tornou crucial para a satisfação dos colaboradores e a retenção de talentos.
No mundo contemporâneo, a flexibilidade no trabalho está assumindo um papel de destaque, a ponto de ser mais lembrada do que o plano de saúde pelos trabalhadores. Uma pesquisa recente intitulada “Tendências e Perspectivas do Trabalho – Report WeWork LatAm 2023”, realizada em parceria pela WeWork, uma empresa de espaços de trabalho flexíveis, com a Page Outsourcing e o apoio de Reconnect | Happiness at Work e Exboss, revelou que 81% das pessoas gostariam de ter ou já possuem benefícios relacionados à flexibilidade no trabalho.
O estudo abrangeu mais de 10 mil profissionais em cinco países da América Latina, incluindo Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México, e as entrevistas foram realizadas nos meses de agosto e setembro de 2023. Os resultados dessa pesquisa apontam para uma mudança significativa nas prioridades dos profissionais e nas políticas de trabalho das empresas.
Frustração corporativa e a importância da flexibilidade
Um dos principais achados dessa pesquisa é a identificação de uma epidemia de frustração corporativa tanto em nível latino-americano quanto no cenário brasileiro. A principal fonte de descontentamento identificada é a falta de flexibilidade nas políticas de trabalho adotadas pelas organizações. Essa insatisfação não se limita mais a um modelo de trabalho híbrido, que combina dias de trabalho presencial e remoto, mas também engloba jornadas flexíveis e a participação dos funcionários na definição das políticas de trabalho.
Na avaliação de propostas de emprego, a flexibilidade se tornou um dos componentes mais importantes para os candidatos, estando em proximidade com o salário, que continua sendo o fator de maior relevância na tomada de decisão (94%). A flexibilidade de horários (88%) e o regime de trabalho (87%) estão entre os elementos que mais influenciam a escolha dos profissionais.
A insatisfação no trabalho é uma realidade para 55% dos profissionais brasileiros, sendo que os principais motivos apontados são a falta de flexibilidade (25%), o salário (14%) e a falta de processos (11%). Essa insatisfação varia entre as gerações, com os Baby Boomers liderando em insatisfação (60%), seguidos pelas Gerações X (52%), Z (46%) e Millennials (42%). A importância desses fatores para o descontentamento é consistente em todas as gerações, com exceção dos Baby Boomers, para os quais os maiores motivos de descontentamento são o salário e a falta de reconhecimento.
Impacto na qualidade de vida
Além de afetar a vida profissional, o modelo de trabalho também influencia a qualidade das relações fora do ambiente de trabalho. Todas as gerações concordam que uma política 100% presencial tem um impacto negativo na felicidade e satisfação pessoal.
A pandemia desempenhou um papel importante na mudança de prioridades, com 68% dos entrevistados valorizando mais o bem-estar e a qualidade de vida após a pandemia. Quando questionados sobre benefícios inegociáveis, a flexibilidade no modelo de trabalho híbrido ou remoto foi destacada pela maioria dos entrevistados (46%), superando o plano de saúde (24%) e vale-alimentação ou refeição (19%).
Diversidade geográfica e de perfis
A pesquisa também revelou que a flexibilidade é vista como altamente favorável para promover a diversidade nas equipes de trabalho. Antes, os candidatos ficavam restritos a grandes centros urbanos ou às cidades onde a empresa estava localizada. No entanto, hoje, a fronteira geográfica já não é um impedimento para os candidatos, desde que tenham a possibilidade de trabalhar remotamente.
Aqueles com filhos também veem o modelo híbrido como positivo, com 58% preferindo esse esquema de trabalho e 54% desejando ir ao escritório no máximo duas vezes por semana. Isso se traduz em maior satisfação e felicidade no trabalho para os pais e cuidadores, com 72% relatando essa satisfação e um efeito positivo na saúde mental de 70%.
Impacto na saúde mental e a semana de quatro dias
A pesquisa destaca a importância da saúde mental dos funcionários, com 77% dos entrevistados considerando que o modelo de trabalho impacta a saúde mental. Entre eles, 85% das pessoas que trabalham remotamente avaliam o impacto como positivo, enquanto 66% consideram positivo o efeito do esquema híbrido, e 37% avaliam positivamente o impacto do trabalho presencial.
Além disso, projetos-pilotos recentes para estudar a semana de quatro dias de trabalho continuam sendo um tema relevante no mercado de trabalho. A pesquisa revela que 83% dos funcionários gostariam de trabalhar apenas quatro dias por semana, enquanto 77% acreditam que seriam mais produtivos nesse esquema. As principais atividades que os profissionais realizariam com um dia extra incluem organizar a casa, descansar, estudar, passar tempo com a família, viajar e cuidar de questões pessoais.
Desafios do RH na era da flexibilidade
Para atender às necessidades das empresas e às expectativas dos funcionários, os profissionais de Recursos Humanos enfrentam desafios significativos. Isso inclui lidar com a insatisfação em relação ao modelo de trabalho imposto pelas empresas, disseminar a cultura organizacional e lidar com o aumento dos gastos com retenção e lealdade das equipes.
A crescente importância da flexibilidade no processo de recrutamento também representa um desafio para o RH, uma vez que os candidatos chegam buscando modelos de trabalho específicos. Portanto, a capacidade de ouvir e adaptar-se às expectativas tanto dos candidatos quanto das empresas torna-se crucial.
Em um mundo em constante transformação, onde a flexibilidade e a saúde mental são valores cada vez mais importantes, as empresas e os profissionais de RH precisam se adaptar para atender às demandas de uma força de trabalho em evolução constante.
Fonte: Portal Contábeis
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