A TTE (Taxa de Empreendedorismo Total) no Brasil caiu por dois anos consecutivos. É o que mostra o relatório GEM (Global Entrepreneurship Monitor), realizado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e pelo IBQP (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade).
O índice indica o percentual da população adulta ocupada como empreendedor: em 2021, a proporção foi de 30,4%, enquanto em 2020 o índice foi de 31,6% e em 2019 chegou a 38,7% – o percentual mais elevado desde 2015, quando a taxa foi de 39,3%
Segundo o estudo, o país perdeu 9,4 milhões de empreendedores em 2020 e em 2021 chegou ao patamar mais baixo desde 2013. No último ano, o número de pessoas entre 18 e 64 anos de idade à frente do próprio negócio formal foi de cerca de 43 milhões. Em 2020 e 2019, este número era de 44 milhões e 53,4 milhões de pessoas, respectivamente.
“De alguma forma, isso era esperado”, afirma Paulo Guilherme Leal, especialista em marketing estratégico e empreendedorismo, a respeito da queda da taxa de empreendedorismo total no país em 2021.
“Em minha avaliação, a crise mundial causada pela pandemia de Covid-19, com o aumento dos custos, e a crise no fornecimento de itens básicos estão entre os principais motivos que levaram a este panorama, já que muitos empresários e microempresários não conseguiram segurar seus custos e foram forçados a fechar seus negócios formais”, explica.
Não obstante, os dados do relatório GEM demonstram que o Brasil ascendeu duas posições no ranking global em termos de taxa de empreendedorismo total no período analisado. Em 2020, o país ocupava o sétimo lugar na lista com 47 países.
Em 2021, o Brasil chegou à quinta posição, atrás da República Dominicana (45,2%), Sudão (41,5%), Guatemala (39,8%) e Chile (35,9%)
Expectativas
Na perspectiva do especialista Paulo Leal, porém, apesar da queda nos dois últimos anos, o empreendedorismo brasileiro tem expectativa de crescimento em 2022, mesmo que com um crescimento ainda pequeno. “A pandemia serviu para mostrar novas formas de fazer as coisas. Isso nos forçou a pensar de forma criativa, o que leva, naturalmente, a novas idéias para negócios”.
De fato, mais da metade (54%) dos empreendedores digitais do país começaram durante a crise sanitária, de acordo a pesquisa Panorama de Negócios Digitais Brasil, conduzida pela Spark Hero. Segundo o especialista em marketing estratégico, houve um boom – um desenvolvimento acelerado – no empreendedorismo digital nos últimos dois anos.
“O segmento está em franco crescimento e tende a continuar crescendo não apenas em 2022, mas por muitos anos. A chegada do metaverso já está fazendo borbulhar muitos negócios novos e oportunidades que nunca existiram antes estão sendo criadas”.
A afirmação de Leal é corroborada por números: a oportunidade de mercado para o metaverso pode atingir US$ 800 bilhões (R$ 4,5 trilhões) até 2024, conforme estimativa da Bloomberg Intelligence.
Maioria dos negócios depende da internet
Mais da metade (56%) dos empreendedores do mundo depende da internet para trabalhar e administrar o seu próprio negócio. É o que demonstra o Índice de Banda Larga Cisco (Broadband Index), pesquisa global sobre o acesso, a qualidade e o uso de banda larga doméstica que foi concluído em 2021 e ouviu 59.796 trabalhadores em 30 países, entre eles o Brasil.
O estudo foi conduzido pela Censuswide, consultoria de pesquisa independente, a pedido da Cisco, fornecedora de soluções e produtos de TI.
A sondagem aponta que 75% dos entrevistados, de modo geral, afirmam que os serviços de banda larga precisam de grandes melhorias para suportar o trabalho remoto, enquanto no Brasil essa foi a resposta de 82% dos participantes.
Além disso, 78% dos participantes destacam a importância da confiabilidade e da qualidade das conexões de banda larga para trabalhar e empreender, ao passo em que, por aqui, o percentual é de 82%. De modo geral, 84% dos entrevistados mencionaram que dependem do acesso à Internet de alto desempenho. No país, 88% das pessoas citaram este quesito.
Para o empreendedor digital e treinador de líderes Denis Macedo, nos últimos anos, a internet ampliou as possibilidades de trabalho por conta própria que dependem apenas de uma boa conexão de internet e um computador.
Apesar disso, além de contar com um dispositivo e um acesso à rede, é necessário entender quais os mecanismos e estratégias a serem adotados para ter sucesso em seu negócio.
“Hoje não existe no Brasil uma oportunidade melhor e mais fácil quanto a de usar a internet como meio para empreender. Uma renda extra é garantida logo no primeiro mês com muito empenho, já a liberdade financeira tem mais a ver com uma somatória de fatores, como estudo, dedicação, constância e sorte”.
Segundo Denis Macedo, os empreendedores brasileiros devem investir esforços para obter a disciplina necessária para prosperar e se tornarem líderes no segmento em que atuam. “Disciplina é consequência do resultado. Ninguém se dedica por algo sem ter visto a consequência daquilo que almeja. Me arrisco a dizer que mais de 90% das pessoas não conseguem resultado nenhum na internet porque desistem”.
O insucesso, para ele, acontece por vários motivos, prossegue, mas o maior deles é a desistência por falta de disciplina logo no primeiro mês.
“O sujeito compra um curso on-line que promete renda extra na internet, logo vai aplicar o conteúdo teórico, mas percebe que o processo demora aproximadamente seis meses para que venham os primeiros resultados. Todavia, ainda não temos prova social o suficiente em nossa cultura para que ele continue aplicando o método até que conquiste seus primeiros resultados”, afirma. “Somos movidos por resultados, seja nossos ou de outras pessoas”, conclui.
Números
9,4 mi
Quantidade de empreedendores perdidos ao longo de 2020 e 2021
5º lugar
Posição do Brasil entre 47 países pesquisados em relatório global de taxa de empreendedorismo nos países
30,4%
Proporção da população adulta brasileira ocupada como empreendedor no ano de 2021
43 mi
Número de brasileiros entre 18 e 64 anos que estão à frente de seu próprio negócio formal no Brasil
Fonte: Tribuna do Norte