Ministro do Empreendedorismo debateu com África do Sul o papel crítico dos governos no apoio aos pequenos negócios.
“O universo digital e a Inteligência Artificial não são mais o futuro, mas o presente da realidade dos negócios no Brasil e no mundo, e por isso imprescindíveis, não mais como um diferencial às pequenas empresas, mas um fator de sobrevivência”, destacou o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, na abertura do Fórum Global de Finanças para Pequenas e Médias Empresas (Global SME Finance Forum), nesta terça-feira (17), no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo (SP).
Sob o tema ‘Finanças Digitais e Sustentáveis para MPEs Alimentadas por Inteligência Artificial (IA)’, o evento reúne representantes de 80 países, incluindo mais de 700 líderes do setor financeiro, empreendedores, formuladores de políticas públicas, reguladores e outras partes interessadas para discutir e promover soluções inovadoras para o financiamento de pequenas e médias empresas.
A iniciativa é organizada pelo SME Finance Forum (SMEFF) – uma rede de mais de 300 bancos líderes, instituições financeiras não bancárias, fintechs e bancos de desenvolvimento – criada pelo G20 em 2012 e administrada pela International Finance Corporation (IFC), um membro do Grupo Banco Mundial. O evento, que prossegue até 18 de setembro, é realizado anualmente no país que está ocupando a presidência G20.
Entre os organizadores e apoiadores estão a presidência brasileira do G20; o Ministério do Empreendedorismo, Microempresa e Pequena Empresa (MEMP); o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
TEMA PRIORITÁRIO
França afirmou que na presidência brasileira do G20, a Inteligência Artificial figura entre os temas prioritários, sendo tratada de forma ética e responsável.
Ele ressaltou que o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP) tem acompanhado atentamente as discussões no âmbito da Iniciativa Global Digital para as pequenas e médias empresas da OCDE (Digital for SMEs), foro que reúne grandes players públicos e privados, para tratar dos desafios apresentados por essa nova realidade tecnológica.
“Todas as medidas aqui referidas, em especial a criação do Ministério do Empreendedorismo como um espaço próprio de cuidado e atenção com as micro e pequenas empresas, revelam a importância que o segmento tem para o atual governo. Vislumbramos muitos ganhos e facilidades também com a IA na capacitação dos empreendedores, no conhecimento de mercado, no aperfeiçoamento dos processos de produção, nas habilidades gerenciais, nas estratégias de marketing e na geração de vantagens competitivas”, afirmou.
DESAFIOS
O ministro ainda citou desafios enfrentados, como o aumento qualitativo de concorrência e a segurança da informação, pontos em que o MEMP e o governo federal estão atuando.
Ele lembrou que o Brasil tem dificuldades crônicas que afetam o setor produtivo como um todo. “O traço burocrático tem um custo elevado e gera gargalos ao desempenho da nossa economia. O seu efeito, sobremaneira danoso ao setor produtivo como um todo, é dramático para as MPEs.” E considerou a recente reforma tributária como um avanço importante.
Para ele, a simplificação é fundamental, mas é necessário incorporar tecnologia e inovação ao cotidiano do governo para que o uso da IA possa alavancar as imperativas mudanças demandadas pelo setor produtivo, abrindo novos mercados.
França informou que, em termos de maturidade digital, no Brasil, 66% das micro e pequenas ainda estão na fase inicial do processo de transformação digital, 30% estão na fase intermediária, e apenas 3% podem ser considerados líderes nas suas áreas.
A abertura do fórum contou, ainda, com Qamar Saleem, presidente do Fórum Global de Financiamento para Pequenas e Médias Empresas e Maktar Diop, diretor-geral da Corporação Financeira Internacional.
Também prestigiaram a abertura Stella Tembisa Ndabeni-Abrahams, ministra das Pequenas Empresas, do Desenvolvimento Empresarial e Cooperativas da República da África do Sul; Luis Mansur, chefe do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central do Brasil; Marisela Alvarenga, diretora geral e diretora de Investimentos do BID Invest; Manuel Reyes Retana, diretor da América do Sul DA Corporação Financeira Internacional – IFC; Maria Fernanda Coelho, diretora do BNDES e Alfonso Garcia Mora, vice-presidente para Europa, América Latina e Caribe da Corporação Financeira Internacional – IFC.
PAINEL
Durante o fórum, Márcio França e Stella Tembisa Ndabeni-Abraham, discutiram ‘O papel crítico dos governos no apoio às pequenas e médias empresas’, em painel moderado por Manuel Reyes Retana, Diretor para a América do Sul da Corporação Financeira Internacional – IFC.
França informou que, em dois anos, a abertura de empresas no Brasil caiu pela metade, de 34 horas para 17 horas. Ele disse que o MEMP desburocratizou e usou IA nas juntas comerciais, além de dispensar a autenticação em filiais estrangeiras. “O público está acostumado a não confiar em governo, porém, graças a medidas como estas, negócios continuam abrindo mais.”
Ele citou, ainda, o Desenrola Pequenos Negócios, de renegociação de dívidas, o ProCred 360, de acesso a crédito com juros menores, e o cartão MEI, lançado ontem pelo governo federal.
REUNIÃO BILATERAL
Após o painel, houve uma reunião bilateral África do Sul-Brasil. Pela África do Sul, participaram a ministra de Pequenos Negócios, Desenvolvimento de Negócios e Cooperativas, Stella Tembisa Ndabeni-Abraham; o cônsul-geral Tinyko Kumalo: deputado diretor-geral Qinisile Precious Delwa; o assessor Andre Roy Murry; a cônsul política Anri Swart, e a assistente pessoal para o ministério, Phuti Francina Marutla.
Da parte do Brasil, integraram as discussões os seguintes membros do MEMP: secretário-executivo Tadeu Alencar; chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais, Luciana Mancini; coordenadora de Projetos da Assessoria Internacional, Vanderlene Rodrigues, e o chefe de Divisão da Assessoria Internacional, Pedro Henrique Rincon.
MEMP EM NÚMEROS
No Brasil, há 13,9 milhões de microempreendedores individuais (MEIs) e 5,5 milhões de MPEs, o que corresponde a 93,4% do total de empresas formais ativas no país. Ao se somarem as médias empresas a esse número, tem-se a impressionante marca de 97,5% de todas as empresas brasileiras.
As MPEs respondem por 30% do PIB brasileiro e 55% dos empregos formais, tendo sido responsáveis, em 2023, por mais de 70% dos novos postos de trabalho criados. No comércio exterior, percebe-se um grande potencial ainda a ser explorado.
As MPEs representam 40,2% do número total de empresas exportadoras no Brasil, mas correspondem a menos de 1% do valor exportado. Evidencia-se o grande espaço de crescimento na participação no comércio exterior apresentado pelas MPEs.
O Brasil tem buscado aumentar a base de exportadores, em especial entre as MPMEs, e superar essa baixa participação relativa no comércio internacional.
Fonte: Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte